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Foto do escritorRamy Arany

O FEMININO E A LIDERANÇA NATURAL

Atualizado: 14 de abr. de 2021


Jacob Lund // stock.adobe.com

O objetivo desse post é despertar, não somente as mulheres, mas também os homens para a consciência do feminino. Então, resolvi abordar um assunto que ainda é envolvido por muitas ideias controversas e que ainda é quase um tabu, a liderança feminina.


Em épocas ancestrais, nas várias sociedades e povos desse tempo remoto, as mulheres sempre exerceram papéis importantes e de liderança, onde era profundamente reconhecida e respeitada pelos seus potenciais e por suas sabedorias naturais, por isto também eram tidas como sagradas. Porém, com o passar do tempo, muitas coisas mudaram em relação à imagem das mulheres e principalmente em relação ao reconhecimento de seus potenciais, passando de sábia para ignorante, de capacitada para incapacitada, de líder para submissa, de sagrada para profana. Desde então muitas situações aconteceram em relação às mulheres que determinaram sua triste trajetória histórica e, principalmente, determinaram a perda do referencial feminino que se estendeu para a consciência coletiva mundial.


Algumas das sabedorias ancestrais ainda se mantiveram através dos tempos numa heroica tentativa de ensinar sobre o feminino e sobre a verdadeira capacidade da mulher, porém algumas somente trouxeram a expansão da ignorância arrogante sobre o feminino. O mito de Adão e Eva, por exemplo, é um desses casos em que a mulher, desde então, tem carregado o estigma da Eva que a tornou, principalmente no mundo ocidental, um ser inferior e desqualificado em relação a tomar decisões, pois afinal ela foi a responsável pela perda do paraíso, o que determinou que toda a humanidade se privasse de uma vida paradisíaca, livre de pecados e de sofrimentos.


De acordo com este mito, após ter sido expulsa do paraíso pela autoridade divina, Eva se tornou a mãe-primeira da qual “todos” nós descendemos. Porém, aprendemos, acreditando ou não na existência real desta história, a compreender Eva como um ser desobediente, sedutora, traidora, fraca e sem personalidade, pois afinal ela se deixou levar pela tentação da serpente, desobedeceu um comando superior e seduziu Adão, que era sua origem e confiava plenamente nela, causando o prejuízo máximo: a perda do paraíso para ambos e para todos nós seus descendentes. Que situação horrível esta de Eva, não é mesmo?

Antes do adjetivo classificativo “mulher” existe a essência do “ser”

Aparentemente, este mito que não é cultural em todas as sociedades e que parece ser uma lenda do passado já esquecida, traduz muitas crenças e valores negativos e preconceituosos sobre a imagem da mulher e sobre sua real capacidade de se conduzir e de ser conduzida, qualidades essenciais em um verdadeiro líder. Outro ponto fundamental desta correlação entre o mito da Eva e a imagem do feminino é a ideia de que ela usou mal sua inteligência, conferindo-lhe a imagem de ser “burra”, “cega”, pois trocou o paraíso eterno pela vida material passageira. Esta história ainda traz a não-confiabilidade da mulher em seguir comando, e que, portanto, não serve para estar no comando, sem contar que a mulher é fraca e se deixa levar por ilusões que acabam dando sérios prejuízos.


Estas poucas comparações desse mito tão ultrapassado nos mostra que, ainda nos tempos atuais, pouco se confia nas mulheres, pouco é reconhecida sua capacidade para liderar, pois as pesquisas nos mostram um índice muito pequeno de mulheres exercendo cargos de lideranças nas várias áreas de nossa sociedade. Será que ainda há no inconsciente coletivo a ideia de que as mulheres realmente vieram da costela de Adão? Será que ainda se sustenta a visão de que as mulheres são fracas, perdem o foco com facilidade e desviam seus objetivos causando sérios prejuízos? Será que ainda se acredita em Adão e Eva?


Sejam quais forem as respostas é premente a necessidade de mudança nos valores de referências em relação à liderança feminina, pois não podemos e não devemos nos sustentar em nada que potencialize a quase-exclusão das mulheres nas várias lideranças, pois caso contrário, estaremos determinando que tudo continue seguindo uma mesma linha de pensamento, de escolhas e de decisões em relação à nossa evolução existencial, pois antes do adjetivo classificativo “mulher” existe a essência do “ser”, que é a mulher.


Penso que já se evoluiu muito em relação à situação mundial das mulheres, porém, ainda há muito que evoluir, pois a realidade das mulheres no coletivo planetário nos mostra que há muita diversidade nas condições humanas, que são as básicas, onde vemos sociedades mantendo “suas” mulheres num sistema desumano de existência, onde as mulheres são como coisas que são usadas e descartadas, sacos de pancadas, robôs para trabalho, máquinas de produção de filhos, dentre outras situações deprimentes. Penso ainda que aqui no Brasil nós mulheres temos uma grande condição para nos manifestar como força feminina a altura de qualquer sistema de avaliação de quesitos para sermos verdadeiramente uma força significativa na liderança nas várias áreas de nossa sociedade.


Há, contudo, algo muito sério nesta situação que diz respeito diretamente a nossa auto-imagem: nós mulheres necessitamos agir, pensar, manifestar nossos talentos, nossa força pessoal e coletiva como mulheres. Para isto, é necessário que seja resgatado o universo feminino que se encontra literalmente misturado com o universo masculino, para podermos desenvolver uma percepção e uma compreensão livre de poluições sobre o que é ser mulher, como é nossa força feminina, quais são nossos talentos, como nós somos verdadeiramente somos.


Agora vou adentrar a um foco que muito me ensinou e me ensina sobre o universo feminino, que é a mãe-natureza. Estudando profundamente a natureza e as leis naturais pude compreender que ela é chamada de mãe por sua essência possuir uma capacidade gestadora. Isto também me levou a compreender que a natureza sendo mãe é feminina, e que o principio feminino é gestador, e que, portanto, é a origem de tudo que reconhecemos por vida nas suas várias formas de apresentações. Seguindo este raciocínio pude compreender, ainda, que sem a força da essência gestadora nada existiria, ou seja, sem a mãe-natureza nem nós poderíamos ser aqui neste Planeta e que, portanto, é nossa origem indiscutível da qual parte o comando de nossas existências, pois afinal sem natureza dá para sobrevivermos?

Sendo mulher é como a mãe-natureza é liderança natural

Sendo o comando natural feminino, por que será que as mulheres ainda não se deram conta do tamanho de sua força de liderança? Porque as mulheres foram trilhando um caminho de valores e crenças que sempre a lideraram, quando ela deveria liderar, pois sendo mulher, é como a mãe-natureza, é liderança natural. Desta forma, sinto que as mulheres necessitam entender um pouco da mãe-natureza para também poderem aprender com ela seu sistema de gestão e de liderança, pois em essência nós mulheres somos potencializadas em nossa capacidade de gestar e de parir nossas idéias, nossas ações, nossas lideranças, pois esta força gestadora nos capacita para construirmos tudo o que necessitamos.


As mulheres, de acordo com a visão gestadora, que segue as leis naturais, são mais acolhedoras, reunidoras, possuem maior visão da parte e do todo, são mais focadas, sustentadoras dos focos, mais flexíveis, procuram compreender as situações nas suas varias dimensões, são condutoras, precipitadoras, possuem um sentido muito apurado de percepção que lhes dá condições de ver mais longe, mais profundo e por antecipação o que lhes confere a fama de ter um sexto sentido, ou seja, um sentido além. Isto se dá em razão das mulheres terem a capacidade de percepção por áreas não comumente usadas em nosso cérebro, como por exemplo, o hemisfério direito e a glândula pineal que são áreas de menor atividade se comparada ao hemisfério esquerdo.


Pelas leis naturais o feminino é a origem, portanto é a liderança onde a mulher é sua extensão mais próxima, pois é dotada de todas as capacidades que a natureza da mãe-natureza é em essência. Desta forma, compreendo que as mulheres devem retornar ao seu verdadeiro papel de ser mulher na essência feminina.


Até mais!

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